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quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Comoção popular

Eu me admiro com o fato de a população - neste caso, a gaúcha - ser tão calorosa. Está sempre pronta para ajudar o próximo. É sério. É só ver como a população está se mexendo para auxiliar na reconstrução da vida de muitas pessoas atingidas pelo tornado que resolveu fazer uma visitinha inesperada aqui no Estado.

A Defesa Civil gaúcha iniciou uma campanha de busca de donativos para que as famílias desabrigadas não passem muitas necessidades. Os gaúchos estão abrindo o coração e ajudando o próximo que necessita muito mais que ele.

Não posso deixar de aplaudir, de certa forma, essa iniciativa. Como um cara que pertence ao movimento escoteiro há 17 anos, é bom de ver que existem pessoas que ajudam aqueles que precisam.

Mas também não posso deixar de criticar algumas dessas pessoas. É fato que esse tornado avacalhou com a vida de muita gente: destruiu casas, carros, essas coisas. E cada um tem o direito de ajudar quem bem entender. Só que eu acho incrível como tem pessoas que se comovem com o que a mídia mostra, mas não olha nem pra escadaria da igreja que elas passam todos os dias.

Acredito que existam muito mais mendigos nesse Estado do que pessoas que foram desabrigadas pelo vendaval filho-da-mãe. Por que não ajudar essas pessoas também? Por que apenas dar uma de bom samaritano quando a mídia diz que é preciso ajudar?

Será que aquele mendigo ali, todo fedorento, não bebe a cachaça como uma forma de se aquecer? E o guri ali na sinaleira, que fica fazendo malabarismos para pegar uns trocados, será que ele não quer que, em vez de esmola, a gente dê comida?

[Update de última hora on]

Ok! Vale aqui um update no texto: a Izze colocou bem no comentário o fato de alguns mendigos estarem nessa situação por serem vagabundos. Isso existe, lógico, mas não dá para colocar todo mundo no mesmo balaio.

E tem o fato de muitas instituições carentes sofrerem com a falta de donativos o ano todo e pouca gente procura ajudar. A mídia não fica em cima toda hora porque isso já faz parte do cotidiano - instituições carentes sem ter o que dar a quem é por elas acolhido. Aí quando uma delas fecha as portas, um monte de gente fica falando "Ah, que pena, e ninguém ajuda os coitados".

[Update de última hora off]

São coisas que a gente não pensa. A comoção popular que a mídia faz - e tem de fazer, é fato - contribui para que a população pense um pouco na vida que tem e ajude o próximo. Porém, daqui um mês muita gente não vai mais vai se lembrar de arrecadar roupa, alimentos, cobertores, porque as famílias atingidas pelo tornado já receberam muito.

Enquanto isso, crianças e adultos continuarão morrendo de fome porque a gente passa por eles como se fossem ninguém. Já estamos acostumados com a cena e julgamos que nada podemos fazer. Como se passar em um boteco e comprar um salgado que seja não vá ajudar. A gente acha que não, mas essa ação, por mínima que seja, pode mudar a vida de muita gente. Como o caso do Sebastião.

14 comentários:

Izze. disse...

Simplesmente porque o mendigo não aceita comida.

Uma das avós do Arthur, que mora aqui no centro de São Léo, sempre dava comida pros mendigos que passavam pela frente da casa dela. Depois de um tempo, ninguém mais apareceu lá pedindo comida. Eles querem ou dinheiro, ou caixa de leite (pra poder vender).

E mendigos também são vistos como vagabundos. "Aaah, estão lá por serem uns preguiçosos, não querem trabalhar nem nada...". O que, às vezes, é verdade. Daí é mais "certo" e gratificante ajudar pessoas que são trabalhadoras e perderam (quase) tudo em uma tragédia do que ajudar alguém que (quase) sempre esteve nas ruas.

Rodrigo Dias disse...

É, Izze, tu estás certa. Tem mendigos que não dão valor ao que recebem.

A falha do meu texto foi não ter defendido, também, a doação de donativos pra instituições de caridade.

Vou fazer o update agora.

Gabi disse...

"Só que eu acho incrível como tem pessoas que se comovem com o que a mídia mostra, mas não olha nem pra escadaria da igreja que elas passam todos os dias."

Falou tudo!
To num momento indignada com a mídia
hahaha
bjos

Cris Medeiros disse...

Penso igual a vc, já percebi isso tb!

Acho que quem se comove tanto com as tragédias veiculadas na mídia, deveriam estar atentas a todas as tragédias, mas isso quase nunca ocorre!

Beijos

Anônimo disse...

Parabéns, velho. Faz tempo que eu não leio um post teu sem que tenha sexo no meio. Li umas três vezes até me certificar que não havia nenhuma menção a sexo com mendigos ou algo do gênero.

E sim, a história do Tião é foda!

Pedro Favaro disse...

:-)
Tá vendo.
Quando quer ser bacana o ser humano surpreende. Por que então, somos normalmente, tão escrotinhos?

Anônimo disse...

Acho que tenho espirito de escoteiro também, essa mania de querer ajudar todo mundo o tempo todo, as vezes até me atrapalha

Bibi Barbarat disse...

não me sinto apta a opinar sobre o assunto.

mas nem toda doação é feita por comoção, algumas são por pessoas que querem se desfazer das coisas que normalmente iriam para o lixo não fossem campanhas assim, e essa é a verdade.

mas sim, existem pessoas de bom coração, e acho mais nobre ainda as que não fazem disso um fato público.

Sagesse disse...

Olá. Olha, concordo mais com a Izze. Eu acho q vc tem q ver o seguinte: ajudar pessoas q moram na rua não é tão simples assim. Não é uma questão de pegá-las todas e levá-las para um abrigo ou um orfanato. E nem digo q seja só por causa de vagabundagem. É q pessoas q moram na rua enfrentam muitos problemas além da fome: alcoolismo, vícios em droga, problemas mentais.

Sério, não é simples. mas cada um com sua opinião.

Abraço.

Rodrigo Dias disse...

Sagesse, em momento algum eu disse que é simples. Assim como em momento algum eu disse que tem que pegar todos e colocar num abrigo. Existem muitos que não querem ir para lá pelo simples fato de terem vícios - alcoolismo e drogas -, o que não é permitido.

Só disse o seguinte: tem gente que se move tanto pra ajudar alguém que perdeu alguma coisa, mas que não olha pro lado nem para dar o que comer à ela. Eu faço isso, tu faz isso, e todo mundo que lê ou comentou nesse post faz, fez ou fará alguma vez na vida.

Por isso que falei em instituições de caridade que, como quem atua diretamente com isso todos os anos e sabe do que tá faldno, não tem o que dar pros que são ali tratados comerem. E a população não ajuda, às vezes por ignorância, às vezes por mediocridade - lógico, estou aqui colocando no mesmo balaio pessos com condições para tal ato.

E voltando à questão do abrigo/orfanato, isso não está nas nossas mãos, mas sim na dos governantes.

Juh... disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

desculpa o riso amiguinho
o assunto eh sério
mas eu precisava rir antes aki pra registrar meu protesto...

concordo com seu txt e com seu posicionamento...

mudar a realidade eh dificil mas ajudar alguém que preisa é simples
n precisa de mutirão, mídia, ou holofotes...
se fosse um hábito nosso
de grão em grão
encheríamos o bendito papo da galinha

rs

:****

Tássia Jaeger disse...

Rodrigo. Agora que analisei bem tua foto que te reconheci! Aha...nós fomos colegas guri! E olha só onde te achei? Não foi no Orkut, mas sim no enorme mundo dos blogs. Que progersso! Não lembrou de mim vendo as fotos? Eu era amigona da Ju Jeziorn. Tava pensando na galera da Unisinos esses dias! Q saudade!!!

Anônimo disse...

Oi, Rodrigo. Concordo com vc nesse ponto. E acho que a coisa é mais ampla. A maioria das pessas que freqüentam igrejas, por exemplo,não fazem pelo q está, literalmente, do lado o q é pregado lá. Não sei se se dão conta disso ou se é hipocrisia mesmo.

T disse...

faz favor de me readicionar no orkut?

ps: deu saudade esquesita de você.