Os pêsames
Gilberto viu o amigo lá, sentado no boteco, cabisbaixo. Nunca o vira tão mal assim. Antes de sentar-se ao lado, viu o carinha empinar cinco martelinhos, um atrás do outro. Não podia estar nada bem: o Carlos nunca foi de beber.
Deu um tempo e foi conversar com o coitado, que estava vestido todo de preto.
- Ô Carlos, tudo bem?
- Não! Tudzo maaaal. Maaal bra caraaaaaaaaaaaaaio - esperneou o neo-bebum.
E foi aí que Carlos falou da desgraça.
O início
Conheceram-se no MSN. Mas não foi algo assim, simples. Uma amiga resolveu apresentá-los. Afinal, tanto a fulana quanto o Carlos eram dois solteirões e estavam se recuperando dos últimos problemas amorosos.
Foram a uma lanchonete para conversar. O papo fluía normalmente quando ele, surpreendentemente, tascou um beijo. "E tu ainda se diz tímido, né? Safadinho..."
Desde o início deixaram as cartas na mesas: como ambos eram recém-saídos de namoros, o que queriam era curtição. E foi assim durante um tempo.
O envolvimento
Durante esse tempo, porém, foram se envolvendo cada vez mais. Os encontros eram mais freqüentes, os beijos mais intensos e os amassos, lógico, mais calorosos.
Em vez de encontrarem-se em lugares públicos, iam direto para os mais escondidos. Afinal, para fazer o que gostavam de fazer o tempo todo, só dessa forma. Não queriam ser presos por atentado ao pudor.
A última vez
A intensidade das ficadas foi aumentando gradativamente, ao ponto de verem-se todos os dias, na hora do almoço. Afinal, tinham de se alimentar, e cada um se deliciava com o corpo do outro.
Aquele dia, então, seria mais um, mas não foi assim. Ficaram mais tempo que deviam. "Preciso ir", ela dizia. "Fica mais um pouco", ele insistia.
Os beijos estavam mais voluptuosos e a falta de cama foi compensada pelos móveis. "Cama é coisa pra quem é casado, porque é sem graça", diziam um ao outro.
Após deliciarem-se, ele a viu vestindo-se. Gostava de vê-la assim, nua, e queria vê-a assim mais vezes, em sua casa. Porém, sabia que não era assim. O momento foi tão maravilhoso que parecia a última vez.
A tragédia
E foi a última vez. Depois dessa, ela partiu para uma melhor. Carlos, então, ficou arrasado. Não sabia mais viver sem ela, não sabia o que fazer sem ela. Mas o destino quis assim. O amigo tentou falar algo, mas só conseguiu soltar a pérola.
- Meus pêsames...
- Pêsames?
- É! Pêsames. Não é por causa da morte dela que tu tá assim?
- Que morte o que, cara. Eu tô assim porque sei que nunca mais vou fazer nada com aquela guria. Resolveu voltar para o namorado. E, cara, era tão bom...
- Ah, então vai te foder! - disse o amigo.
Olhou pra garçonete, que era uma loira espetacular, estilo modelo de lingerie, e retrucou ao Carlos.
- Aquela ali é facinha. E se tu achava essa outra maravilhosa, é porque tu nunca foi servido pela Laurinha.
13 comentários:
A renovação é o único caminho de um coração partido.
Com o tempo volta a bater. Demora, mas volta.
diguetes vou repetir:
"seu sem vergonho"
bjuss
Todos seus textos amorosos d alguma forma sempre tem q tr sexo...
Me descepciono com esse tipo de coisa...
Bem, Vanessa, como eu disse no outro texto: nem sempre a gente agrada a todos.
Até parece que quem entra aqui não sabe que quase todos os textos envolvem sexo...
Até parece que as pessoas não notam que tudo no mundo gira em torno do sexo e/ou prazeres.
Coitado do Carlos... Mas ele vai se dar bem... Tenho certeza...
HAHAHAHAHA
eu to rindo até agora do "ah, vai te foder"
so campeã de consolar amigas assim...
:P
bjs
E se sexo é o que importa, só o rock é sobre amor.
hehehehehehhee
Oh mas ele tava amando! Devia lutar pela paixonite.
/me anda meio romântica.
E zexo é fundamental!!! \o/\o/
A melhor coisa para curar a perda de uma é outra... ou outra(s)!
HUAhuaahhuuahu
Que sagaz o "amigo". xD
heeeeey, atualizei meu blog (ié ié, propaganda).
Seus textos são tão diretos, que eu fico sem saber o que dizer! Eu gostei. Muito. E deja - vús são muito esquesitos. Sempre fico meio atordoada com eles. Beijo.
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