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sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Mulheres Interessantes – A desconhecida

Quem é essa guria? Não sei dizer. Não sei dizer porque não a conheço. A não ser que conhecer de vista signifique alguma coisa. Na verdade, não tem muita coisa para dizer. Apenas poucas coisas, como sua fisionomia e o que eu imagino sobre sua personalidade. É. Imaginar. Afinal, caso não se lembre, não a conheço pessoalmente – só visualmente.

Faz tempo que não a vejo. Provavelmente há uns cinco ou seis meses. Então fica difícil saber se ela mantém aqueles cabelos louros e lisos ou se trocou os óculos por um par de lentes de contato. Provavelmente não, pois acredito que ela não seja dessas que fica mudando por causa dos pensamentos dos outros.

Pelo menos a boca dela deve permanecer a mesma. E que boca. Não é muito carnuda, mas também não é fina. È, digamos, aquela que está na média. Aquela que dá vontade de morder, mas que não ficas cansado de ter que morder em partes porque é muito grande. Bem na medida.

Só que diga-me: de que adianta a fisionomia se não se conhece a personalidade? Guria nenhuma fica completa sem a união desta com o físico. Não que o físico seja o principal, mas, parafraseando Vinícius de Moraes, “é essencial” – afinal, todos temos nossas futilidades. A grande diferença é que a questão física é relativa: o que é belo para mim pode não ser para ti e vice-versa. Mas voltemos ao que importa.

Apesar de não conhece-la, é possível imaginar o que pensa. Sempre que entrava no ônibus e a via, não conseguia tirar os olhos dela. Não sem porque, mas tinha a mesma impressão dela quanto a minha pessoa. Ao passar na roleta, percebia aqueles olhos perseguindo-me. O que pensava de mim, o que queria de mim, o que faria comigo caso tivéssemos uma noite juntos, não sei, mas confesso que imaginei. Imaginei diversas vezes, assim como imagino a personalidade dela.

Mas não escreverei o que penso. Ela é desconhecida, e assim deve permanecer. Porque, caso não fosse desconhecida, poderia perder o seu encanto e, eu, o interesse. Gosto de pensar o que ela pensa sobre mim. Gosto de imaginar o que ela quer de mim e, principalmente, o que fará comigo caso tenhamos um momento juntos. E gosto daqueles olhos perseguindo-me enquanto passo pela roleta e sento em outro banco para contemplá-la.

Maldita timidez que me atrapalha.

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