Falta de sensibilidade?
Nesta madrugada fiz-me esta pergunta que consta no título e ainda não cheguei a uma resposta. Por isso, quero saber a tua opinião a partir dos relatos que virão nas próximas linhas.
Saí do banho por volta das duas da manhã – estava me preparando para ver os treinos classificatórios da Fórmula 1, nos quais o brasileiro Felipe Massa conquistou a pole-position. A luz da sala estava apagada, pois, normalmente, quando não tem ninguém aqui a gente procura economizar luz. Ah, a televisão também estava desligada.
Quando volto, ligo a luz e ouço um assovio na rua. Vou até a janela da casa e, próximo às grades do muro, vejo um vulto. O susto foi tão grande porque o meu rotweiller só percebeu a presença após o assovio – e, normalmente, os cães de guarda já estão atentos e pressentem a aproximação de alguém lá longe. Eis que a PNI – pessoa não-identificada – manifesta-se: “Eu só quero dar uma palavrinha, é rapidinho”.
Abri a porta e dirigi-me ao portão. Não teria muito o que acontecer, pois a chave estava dentro de casa. O Bob Esponja – nome do meu rotweiller – não pára de pular e eu tenho de segurá-lo pela coleira para ouvir o que a pessoa tinha dizer. Não consigo reproduzir o diálogo de forma fidedigna, mas lembro-me mais ou menos do contexto. Era algo assim – não se preocupa com o português, ok?:
“Oi, tudo bem? Tu foi o único a me atender. Eu sou negro, mas sou de bem. Mas se tu quiser, pode ligar para a polícia pra me prender. Também não quero muita coisa. Moro aqui na Atílio Superti, certo, e pode chamar teus amigos pra me bater, se quiser. Não me preocupo com isso, já tô acostumado”.
Esse excesso de explicação já estava dando-me nos nervos e vi-me obrigado a apressar o monólogo, porque já era tarde e eu queria voltar para ver o início da Fórmula 1. Quando eu disse “o que quer?” ele prosseguiu: “É o seguinte: minha filha tá mal e preciso levar ela ao hospital. Se quiser, pode ir comigo, ela tá ali na esquina. Ela precisa de tratamento. Então, preciso de dois vales-transportes.”
Fui direto e disse: “Cara, eu uso passagem escolar, não tenho como te ajudar”. O rapaz, simplesmente, fechou a cara e foi dar continuidade aos seus pedidos nas demais casas.
Após esta cena, comecei perguntar a mim mesmo se eu estava perdendo a sensibilidade ou se, então, estava apenas pensando em minha segurança. O que será?
Saí do banho por volta das duas da manhã – estava me preparando para ver os treinos classificatórios da Fórmula 1, nos quais o brasileiro Felipe Massa conquistou a pole-position. A luz da sala estava apagada, pois, normalmente, quando não tem ninguém aqui a gente procura economizar luz. Ah, a televisão também estava desligada.
Quando volto, ligo a luz e ouço um assovio na rua. Vou até a janela da casa e, próximo às grades do muro, vejo um vulto. O susto foi tão grande porque o meu rotweiller só percebeu a presença após o assovio – e, normalmente, os cães de guarda já estão atentos e pressentem a aproximação de alguém lá longe. Eis que a PNI – pessoa não-identificada – manifesta-se: “Eu só quero dar uma palavrinha, é rapidinho”.
Abri a porta e dirigi-me ao portão. Não teria muito o que acontecer, pois a chave estava dentro de casa. O Bob Esponja – nome do meu rotweiller – não pára de pular e eu tenho de segurá-lo pela coleira para ouvir o que a pessoa tinha dizer. Não consigo reproduzir o diálogo de forma fidedigna, mas lembro-me mais ou menos do contexto. Era algo assim – não se preocupa com o português, ok?:
“Oi, tudo bem? Tu foi o único a me atender. Eu sou negro, mas sou de bem. Mas se tu quiser, pode ligar para a polícia pra me prender. Também não quero muita coisa. Moro aqui na Atílio Superti, certo, e pode chamar teus amigos pra me bater, se quiser. Não me preocupo com isso, já tô acostumado”.
Esse excesso de explicação já estava dando-me nos nervos e vi-me obrigado a apressar o monólogo, porque já era tarde e eu queria voltar para ver o início da Fórmula 1. Quando eu disse “o que quer?” ele prosseguiu: “É o seguinte: minha filha tá mal e preciso levar ela ao hospital. Se quiser, pode ir comigo, ela tá ali na esquina. Ela precisa de tratamento. Então, preciso de dois vales-transportes.”
Fui direto e disse: “Cara, eu uso passagem escolar, não tenho como te ajudar”. O rapaz, simplesmente, fechou a cara e foi dar continuidade aos seus pedidos nas demais casas.
Após esta cena, comecei perguntar a mim mesmo se eu estava perdendo a sensibilidade ou se, então, estava apenas pensando em minha segurança. O que será?
6 comentários:
Tu tava é pensando na tua segurança. Hoe em dia é assim: primeiro pensar em si mesmo (nessas horas confusas, sabe), depois nos outros.
Pode ser que o cara estava falando a verdade, mas pode ser que não. Então é melhor previnir, não?
Olha meu, digamos que o fato de ser tarde da noite agrava muito a situação. Vai saber, hoje não dá pra facilitar, também não saberia o que fazer direito.
Uau, é realmente uma situação q inexplicavelmente torna-se constrangedora, sempre passo por isso em onibus, mas acho q vc naum fez nada de errado, apenas agiu no piloto automatico da auto preservação. Nunca se sabe se naum é morte mesmo batendo na porta nos dias de hj, ruim p/ cara é lógico, mas se ele é "do bem" (parece coisa de super heroi) ele entenderia.
Gostei bastante do seu blog e dos seus textos, passarei sempre q puder. ;)
Só uma coisa, já ouvi esse papo antes... bem aqui perto do meu trabalho (igualzinho, palavra). Ou seja, a menos que isso seja uma baita coincidência, é golpe!
Não acho que seja perda de sensibilidade pensar na segurança... pedir vale transporte de madrugada faz tudo parecer meio suspeito, concorda?
"Mas, lógico, para isso eu teria de andar sempre com um shoyo do lado. Tem que ser bem temperada a carne"
Hhahahaahah!! Tive q voltar p/ dizer q ADOREI essa observação. Acho q levaria pimenta ou maionese. ;*
Ah... Nem acho perda de sensibilidade não... 1° que a gente nunca consegue acreditar nesses caras e além disso, vc tava mesmo se protegendo... Vai que vc saía e o cara te atacava pra roubar a sua casa? Ainda mais que era de madrugada...
E cidades pequenas são legais... Mas às vezes (quase sempre) é muito bom sair e não eonctrar ninguém conhecido =p
:****
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