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quarta-feira, 24 de setembro de 2008

A (falsa) independência dos blogs

Uma coisa que sempre li em vários blogs que visito quando conheci esse novo meio de comunicação foi o seguinte: o bom de ser blogueiro é que somos independentes. Podemos escrever o que queremos da forma que nos der na telha. Falar bem ou mal de um produto quando quiser.

Achei a idéia o máximo. Defendia aqueles que diziam que o blog é uma nova forma de mídia que os jornalistas - e futuros - podem explorar para, assim, tornarem-se donos dos próprios narizes. Isso, segundo a idéia de muitos, faz com que a informação seja democratizada e não seja submissa ao capitalismo. Muitos blogueiros, inclusive, disseram que é mais confiável ler blog do que jornal e portais.

O motivo é sempre o mesmo: a tal independência dos blogs. Até porque todos sabemos que escrever sobre o que gostamos e da forma que queremos é ótimo.

O Piero foi no cerne da questão ao escrever este post. Nada contra fazer posts publi-editoriais. Cada um faz o que quiser com seu espaço. Se quiser vendê-lo, pois que o faça. Só que não pregue por aí que é independente e que não baixa a cabeça para os que têm dinheiro - como dizem dos meios de comunicação tradicionais.

Uma coisa é tu escrever sobre um filme, sobre um produto, ou qualquer coisa, quando quiser. Ser independente é colocar a tua opinião sobre determinado produto, mesmo quando fulano que te contrato diz "olha, quero que tu fale sobre o meu produto e pago pra isso" - tu gostando ou não. Até porque é a tua opinião que tá ali. E se ela é de que o produto é uma merda, diga isso - não necessariamente tão direto. Se fizer o contrário, sendo incoerente com o teu pensamento apenas porque foi pago, estará sendo mentiroso, não só à ti, mas àqueles que te lêem.

"Ah, mas ele tá me pagando, não posso criticar". Então, das duas, uma: ou diz que é um vendido ou não aceita a proposta. Pelo menos o teu discurso e a tua prática não serão incoerentes.

E qualquer coisa, tem os anúncios do Google. Pode ser que, com eles, compre um PlayStation pro teu filho, como o caso da Gisele Ramos, do Blog Na TV.

***

P.s.: As partes em negrito foram parte de um update após eu perceber que eu estava sendo injusto em algumas ocasiões, colocando todos no mesmo balaio.

7 comentários:

Anônimo disse...

Ok, mas o cara pode receber pra falar de um produto E gostar do produto também, não? Ser independente é necessariamente meter o pau? Sei que tu tá te referindo a ganhar PARA falar bem ou refrear a opinião pela grana. Mas, na minha humilde opinião de quem nem se considera blogueira, é isso que me parece às vezes: "ah, o cara ganhou grana e falou bem, é um vendido", como se criticar pro mal fosse sinônimo de independência.

beijo!

Rodrigo Dias disse...

Ok, me expressei mal.

Ainda bem que tu entendeu - mesmo eu tendo me expressado mal - que estou falando de pessoas que são pagas para falar bem.

Agora o cara pode ganhar e curtir o produto, mas tu vê quando a posição do cara é vendida apenas pela forma que tu lê o texto. Muitos não conseguem nem disfarçar que o post é pago e que por isso está falando bem.

É só ver aqueles montes de posts falando do novo desodorante. Alguns falaram bem porque curtiram a idéia - sendo pagos ou não. Outros, falaram bem porque alguém investiu.

Uma maneira barata de fazer propaganda pra milhares de pessoas.

Cris Medeiros disse...

É uma questão delicada! Concordo com a Dani! Cada caso é um caso a ser analisado!

Beijos

Pedro Favaro disse...

Poder, supostamente, estar livre de influências para dar opinião é otimo. Masquando sabemos se determinada paessoa não está falando sob influência, que determinado blog é comprado.
A desiformação passa a ser a arma, nesses casos.

Flávia disse...

Essa questão dos blogs vendidos acaba sendo uma faca de dois gumes. A intenção da maioria dos blogueiros é ter leitores, principalmente dos que fazem publicidade. E justamento pelo posicionamento duvidoso, os leitores correm. Você voltaria em um blog descaradamente vendido? Eu não.

É a boa e velha seleção natural em tempos de mundo virtual.

Beijos!

Anônimo disse...

Eu acho o seguinte: blog é diferente de site, é algo mais pessoal, mais individual. Porque no fim das contas é esta a relação com o público, uma relação intimista e pessoal. Se eu escrever bem de um determinado produto na internet, como eu fiz com o EEE PC, foi totalmente espontâneo. Não recebi nada por isso. Se eu fosse pago para tal, o texto não seria o mesmo. E ficaria claro que estou recomendando um produto aos meus leitores não porque eu uso e aprovo, mas porque estou sendo pago por isso.

Quando foram chamados de "blogs de aluguel", a maioria se revoltou. Só que na verdade é o que são. Não sabem lidar com patrocínios, com a nova midia, e tampouco são originais no seu conteúdo, sendo meros replicadores de informação.

Alessandra Castro disse...

Olha, meu umbigo, o umbigo do mundo. Meu blog idem, acho que em um país como o Brasil onde hj tenho emprego e amanhã passo fome, qualquer grana extra e "honesta" vale a pena.