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quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Endereço novo

Apenas para avisar que estou de endereço novo. Visite o www.etceteraetal.com e seja feliz. Ah! Também atualize seu blogroll. Farei isso com o novo site quando tiver tempo.

Lembra-te: www.etceteraetal.com

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Sexo ou amor?

“Se tu tivesse uma única escolha, qual seria?” Essa pergunta me foi feita dia desses pela Isadora Berganthine. Creio que alguns leitores dessa bodega devem ter imaginado “Ah, vindo do Rodrigo, a resposta é óbvia e só pode ter respondido de imediato: sexo”.

Quem imaginou isso, simplesmente errou. Confesso que responder esta pergunta não foi fácil. Na verdade, nem um pouco. E vai ser difícil encontrar palavras suficientes e – por que não? – coerentes para explicar o porque disso tudo.

Fiquei intrigado com esta simples pergunta. “Sexo ou amor, se a escolha fosse única?”. Simplicidade com muita complexidade. Pelo menos para mim, um defensor do sexo pelo sexo, não necessariamente tendo um sentimento maior do que o tesão.

Sexo é bom e, quem já o fez, com (quase) toda a certeza gosta. Porém, escolher essa opção sem uma divagação sobre seria um tanto imbecil, da minha parte. Porque a transa é algo muito mais egoísta do que “solidária”. Quem a escolhe quer, antes de tudo, o prazer pessoal e nem sempre para te-lo é necessário doar-se a quem está na cama – ou no escritório, ou no banheiro, ou na porta corta-fogo – contigo.

“Ah, então pensaste no amor, né ô muquirana”. Sim, pensei na escolha do amor. Até, também, debater comigo e com meus amigos Jana e Felipe sobre isso. E cheguei a conclusão que, para mim, é difícil explicar o que é o amor. Ainda mais para alguém que, como eu, não acredita na existência desse sentimento entre duas pessoas que estão em um relacionamento.

Ao meu ver, o amor é uma utopia para a paixão. “Mas paixão é uma coisa doentia”, disse na conversa a Jana. Não penso nisso. Penso que ela é que motiva a gente a buscar o amor, a nossa utopia. Porque o amor não é eterno. Posso estar hoje com minha (eventual) namorada e esta paixão durar um mês, um ano, dez anos, 15, 20, 25, 50 e por aí vai. Mas vai chegar um momento que ela simplesmente deixará de existir, como a chama de uma vela.

“Sexo ou amor? Qual das duas?”. Difícil escolha, mas que é necessário fazer uma. Não por ser muito egoísta, mas por não estar apaixonado para entrar na busca desta utopia. Então, a escolha foi para o sexo, mas nada impede que ele possa me motivar a buscar o amor.

E tu? Qual a tua escolha?

sábado, 10 de janeiro de 2009

Carta a alguém especial

Oi Vô, tudo bem?

Pois é, meu velho, quanto tempo que a gente não se fala, hein? Muito, não é?

Sabe por que estou escrevendo este texto? Não? Para te agradecer, véio Dilon. Ou tu acha que eu esqueceria tudo o que fizeste por mim durante esse tempo todo?

Ah! Não vem começar a perguntar "agradecer pelo que, meu neto?". Modéstia é bom, mas só de vez em quando. E, agora, eu tenho que te agradecer e tu vais parar de frescura.

Mas aí, quem diria, né? Quem diria que aquele teu pequeno gesto logo nos meus primeiros anos nesse mundo iriam influenciar em minha vida, não é? Acredito que nunca pensaste que, ao me tirar do berço algumas madrugadas e algumas manhãs, me colocar no teu colo e me "forçar" a assistir as corridas da Fórmula 1, ditaria os rumos que tomei. É ou não é?

É, véio Dilon, tu fizeste isso mesmo. Me fizeste assistir longas corridas e, agora, sou fanático por este esporte a motor. Como sabes, foi por causa dele que escolhi ser jornalista, não é? Pois é. Ainda não creio nisso. Aliás, não creio que esse teu gesto também ditou os rumos do meu Trabalho de Conclusão de Curso. Isso mesmo, aquele em que fui "aprovado plenamente" pela banca, no dia 16 de dezembro de 2008. Que coisa, não?

Pois é, meu véio. Por isso que escrevo neste pequeno espaço este agradecimento. Faço isso porque não tenho como te agradecer pessoalmente. Deus quis a tua companhia logo aos meus dois anos de vida e, infelizmente, só te tive ao meu lado em espírito, não em corpo.

Não pude te levar aos autódromos para as coberturas que realizei, não tive a tua presença na minha banca e nem na minha formatura. Falando em formatura, sabia que hoje, dia 10 de janeiro de 2009, eu me tornei jornalista? É! Me tornei jornalista, véio. E tudo isso por tua culpa causa. Tu é foda, véio.

Enfim, mais uma vez, muito obrigado. Pode deixar que, daqui uns anos, a gente põe o papo em dia. Mas espera um pouco. Ainda tenho muito trabalho pra fazer aqui. Aguarda mais uns, deixa eu ver, 70 anos e aí a gente dá uma trela.

Beijo, vô. Te amo.

Texto em homenagem ao meu avô, Dilon Corrêa Dias, que, apesar do pouco tempo de convivência, definiu o meu destino.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

O fim do Tangos e Tragédias

Lembro mais ou menos de quando vi Tangos e Tragédias pela primeira vez. Era fim do ano de 2006 ou de 2007, em um projeto da Aracruz Celulose. Na ocasião, a empresa levou o espetáculo à uma praça no bairro Tristeza, na Zona Sul de Porto Alegre. Meus pais, eu, três amigos e mais o público assistimos a tudo de forma gratuita. Uma maravilha.

Ontem, dia 7 deste mês inicial de 2009, assisti novamente o espetáculo. É incrível que, com 25 anos de existência, o Tangos e Tragédias consegue lotar o Theatro São Pedro. Isso mostra o quão querida, pelo público, é a peça criada por Hique Gomes e Nico Nicolaievsk em 1984.

Porém, percebe-se que os atores estão meio cansados de apresentá-la. O repertório é o mesmo do que eu assisti pela primeira vez, só que com um detalhe: as ordens das músicas mudaram e, como todo espetáculo teatral, o improviso é a peça-chave para o sucesso.

A galera canta, ri, se diverte, mas chega um momento em que se perde um pouco da graça. Gomes, encarnando o violinista Kraunus Sang, continua com aquela cara de louco, mas a piada sobre como tem que soltar o "Bah" durante a Aquarela da Sbórnia, já cansou. O mesmo pode se dizer sobre Maestro Pletskaya, personagem de Nicolaievsk, e sua teoria sobre a diferença entre a baba e o cuspe.

Lógico, nem por isso deixei de rir, de cantar algumas músicas - como a da Ana Cristina -, nem de dançar o Copérnico. Mas sabe quando, depois do espetáculo, tu dizes "onde estão as novas tragédias?". Pois é, senti falta das novas tragédias. O roteiro é o mesmo e, infelizmente, faz a peça perder um pouco a graça, mas não toda.

Sinto que está na hora de Kraunus e Pletskaya fazerem uma peça final, o último ato. Talvez aproveitar essa história de aquecimento global e ver a Sbornia ficar submersa após o degelo do Pólo Sul. Com toda a certeza, seria algo histórico e faria todos sentirem saudades dos Tangos e das Tragédias.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Portas corta-fogo em shopping é imprescindível

Ah! Nada como voltar a escrever neste blog após uma semana de muitas aventuras em Brasília (DF) e em Goiânia (GO), respectivamente. E nada como voltar com um textinho revoltado, já que o último, por mais bonito que tenha ficado, não é muito a minha laia. Sim, eu tenho sentimentos, mas não sou de expô-los assim, a todo o tempo. =P

Foi na Capital federal que eu pude perceber como as portas corta-fogo são importantes demais. Ao perambular por um shopping que fica próximo à rodoviária e cerca de meia-hora de distância do Congresso Nacional a pé, vi que o local não era "equipado" com estas portas.

Isso é inconcebível. Dá vontade de mandar pro Procon e exigir multa. Porque as portas corta-fogo são importantíssimas. Em caso de incêndio, é para lá que as pessoas vão. É uma maneira de se proteger daquele fogo que vai correndo atrás e pode te queimar.

E, também, é um ótimo "cafofo" para dar uns amassos. Nada mais constrangedor que um guardinha do shopping chegar pra ti, enquanto tu está no bem bom com uma guria, e dizer "vocês não podem ficar aqui". Isso só porque estava em um lugar que era inacessível aos reles consumidores e com apenas uma cordinha como divisória.

Porra, se tivessem as portas corta-fogo nada disso aconteceria. É um lugar com pouquíssimo movimento e onde é possível apagar qualquer fogo - seja ele real ou metafórico. Se não tem porta corta-fogo, então, que deixe um espaço livre no banheiro para isso. Caso contrário, exploda o shopping.

***

P.s.: Em breve, escreverei como foi a minha visita, dia por dia, a Brasília e a Goiânia. Agora, deixa eu descansar.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Quinze minutos

Era um dia como qualquer outro. Acordou, levantou-se, olhou para os remédios em cima da cômoda e soltou um "puta merda". Fazia tempo que não fazia o tratamento adequado para os seus problemas de saúde, mas não estava nem aí: queria viver a vida da melhor forma possível. Para ele, isso seria sem tratamento.

Foi ao banheiro, tomou um banho, e se arrumou. Olhou para a cama e a mulher ainda dormia. Deu um beijo em sua testa e não disse nada. Voltaria a casa dali algumas horas.

Durante a caminhada lembrou-se do que mais amava na vida, além de sua família: a lida com cavalos. Quando era criança, não largava o que tinha na chácara da família. Estava sempre montado na Zefa, uma bela potranca negra - e não era funkeira, porque funk ainda não existia naquela época.

Ao chegar no prado de seu amigo, impossível evitar o sorriso. "Como é lindo isso aqui", disse à si mesmo. Cumprimentou Carlinhos, seu amigo de longa época, e foi tratar do Amadeus, um cavalo crioulo branco que adotou, sem falar com a família.

Enquanto ia em direção ao seu novo filho, recordou-se das intensas brigas que tivera em casa. Não falara à ninguém porque, a cada mês, uma boa parte do salário faltava. As brigas eram intensas e ele evitava falar sobre isso. Investia aquela irrisória quantia no tratamento do Amadeus. "Vocês não entenderiam", cansava de repetir, pois sabia que seus familiares não apoiariam a idéia de fazer esforço físico com sua saúde tão debilitada.

Olhou Amadeus e, como sempre, deu um beijo em sua face. O cavalo retribuiu com um relincho suave. Montou no cavalo e foi dar uma galopadinha básica, só para aquecer.

Após 15 minutos, um estrondo. O montador estava estatelado no chão, com Amadeus parado ao seu lado. Os que estavam o prado foram socorrê-lo, mas foi impossível salvá-lo. Seu coração parara de bater, mas seu sorriso não saíra do rosto.

Sabia que havia pouco tempo de vida. Resolveu vivê-la intensamente, mesmo que durasse apenas 15 minutos.

Texto em homenagem ao seu Lauro, marido da Iolanda, nossa empregada e amiga, que faleceu neste sábado após fazer o que mais amava: estar próximo aos cavalos. Que Lauro descanse em paz.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Olhar pros dois lados é essencial

Em certas horas dou graças a Deus por assimilar algumas coisas que meus pais falavam à mim quando era criança. Uma delas, que eu esqueci apenas uma vez nestes meus 24 anos de vida, é: "ô guri, olha pros dois lados antes de atravessar a rua, senão tu vai ser atropelado". Porém, certas vezes a gente não ouve. Principalmente quando se tem menos de 15 anos.

Nessa sexta eu estava indo ao mercadinho comprar bife para poder almoçar. Mal cheguei em um terço do caminho quando ouvi um barulho que me fez ficar mais atento: pneus fritando. Depois, um estouro de uma batida e um corpo rechonchudinho voando, como se fosse uma bola de futebol. O guri se levantou um pouco, depois começou a chorar e se estirou no chão com dor na perna. Não devia ter mais do que 13 anos.

Não quero, aqui, apontar culpados. Conversei com uma amiga minha quase na madrugada e ela me disse que a culpa é sempre do motorista, porque é ele quem tem a arma e é quem tem mais condições de evitar o acidente. Será?

Pergunto isso porque eu vi, nitidamente, o guri atravessando a rua sem olhar pros lados. Estava desatento.

Peço para imaginar a seguinte situação: tu está no carro, a uma média de 60km/h, quando, do nada, surge alguém atravessando a rua. A possibilidade desse alguém ser levantado pelo teu veículo, acredito, é grande - principalmente levando-se em conta questões como a frenagem do carro ser fraca e o reflexo do condutor. Acredito ter sido isso um dos fatores que fizeram o guri ser atropelado.

Como li num estudo, "muitos (pedestres) são desatentos e confiam demais na ação do motorista para evitar atropelamentos". Ou seja, o guri pode até ter visto o carro vindo em sua direção, mas achou que o carinha ia parar para que atravessasse a rua. Ledo engano. Quase que contribuiu para uma estatística apontda pelo Guia do Programa Criança Segura, que apontou um número de 1.192 acidentes com crianças entre 05 e 14 anos.

Lógico, o motorista também teve uma parcela de culpa. A rua em que o guri foi atropelado não é duplicada e, pelo som um tanto longo de pneu derrapando, foi possível concluir que ele estava rápido demais para este tipo de estrada.

Fora que provavelmente também estava desatento, conversando ao volante, tendo em vista que estava com mais um amigo no carro. Além disso, mostrou uma puta falta de sensibilidade, pois saiu do carrinho branco logo perguntando "Ô guri, tu tá louco?", em vez de um "Cara, tu tá bem?".

Acredito que o acidente poderia ter sido evitado por qualquer um dos dois. Tanto pelo motorista, por estar, acredito, rápido, quanto - e principalmente - pelo pivete, que deve ter esquecido a vozinha da mãe dizendo "olha pros dois lados antes de atravessar" em algum canto do cérebro e resolveu confiar no motorista.

Logo aqui no Rio Grande do Sul, onde ficou comprovado que educação no trânsito é praticamente inexistente.

E o guri? Não sei. Tive de voltar correndo. Mas, até onde sei, foi levado ao hospital. Mas pode ficar tranqüilo. Ele não morreu.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Ande sempre com um Halls preto no bolso

Com toda a certeza, não vou contar nenhuma novidade. Beijo com gosto de cigarro é ruim. Não digo que é nojento, porque não é. Mas que é ruim pra caramba, isso é - bem, pelo menos pra mim.

Se a guria fuma demais, aquele gosto horrível de cinzas fica impregnado na língua. E, com o roçar daquele músculo com o teu, com toda a certeza ficará com aquela sensação horrível de "que coisa é essa?".

O cara - ou A cara - fica andando louco para ir no banheiro passar um sabonete. O gosto ruim fica ali, enchendo o saco. Tu não pára de te engasgar de vez em quando. às vezes chega a se perguntar "Por que, estúpido? Por quê?".

Tem vezes que o negócio é tão forte que a vontade vai além de lavar a boca: é de soltar o hugo mesmo. Mas isso é, até certo ponto, raro. A não ser que tu seja fresco pra caralho.

Então, se tem uma dica que eu posso dar aos leitores desse blog é: leva sempre um Halls preto no bolso. Afinal, pode ser que tu não saiba que gosto tem aquela boca. E, também, como a noite é uma criança, é uma ótima ferramenta para alimentar as preliminares.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Na pele de um mendigo por um dia

Terça-feira, 2 de dezembro de 2008. Acordo, tomo meu copo de Coca-Cola pela manhã, para acordar - café preto é para os fracos, como o Billy - e ligo meu computador. Abro o Mozilla e verifico minha conta no banco. Estou praticamente zerado.

Olho novamente para o calendário e confirmo: 2 de dezembro. Dez dias para a entrada do penúltimo cheque da produtora que fará a minha formatura. Fico apreensivo. Mas apreensivo pra caralho. Vou para o quarto e a apreensão se transforma em desespero. "Como é que vou pagar esta merda? Puta que pariu".

Em cima da cama está uma peruca, daquelas de fitas que ganhei em um casamento. Coloco-a em uma sacola e, atrás da porta, cato um boné. Penso "não acredito que farei isso" e vou para a universidade.

Desço na Unisinos e vou direto ao laboratório do centro de comunicação. Faço o que tenho que fazer - olho o orkut, o gmail e um pouco do meu msn - e abro o word. Configuro a página para ficar em paisagem e mando imprimir.

Ao chegar no local para receber as impressões encontro uma amiga. Mostro o que fiz e ela solta uma gargalhada e depois diz "Só tu, mesmo". Peguei um durex, que grudei na folha, coloquei a peruca, peguei o boné e paguei, acredito, o mico mais foda que a Unisinos já teve.

Andei por uma hora pelo centro de comunicação. Encontrei amigos e pessoas que eu não conheço. Muitos, mas muitos mesmo, de funcionários a professores, riram de mim, só porque estava com um cabelo artificial vermelho, boné na mão e um cartaz que dizia "Ajude um mendigo a pagar a formatura".

Após uma hora de caminhadas - com direito a uma guria que não conheço dizendo "vou te ajudar só por causa da tua criatividade" - sentei-me para contar quanto havia arrecadado. Não tinha objetivo nenhum. Como disse para uma amiga "Se eu arrecadar dez pila já é o suficiente". Sento-me e conto: R$ 50,30. Cinquenta reais arrecadados - a maioria em moeda - em uma hora em uma universidade. Abro um sorriso incrédulo e agradeço aos céus por ter sido ajudado. Inclusive por algumas pessoas, como o Guilherme, do D.A. de Comunicação da Unisinos, que ainda me perguntou quanto faltava para eu completar.

Muita gente achou que fiz isso de brincadeira, mas não. Poucos sabem - só alguns amigos que estiveram comigo em alguns momentos, como a Dani Bittencourt - o quão constrangido que fiquei. Meu sorriso era amarelho e a vontade de chorar, acredita, chegava de vez em quando. Porque é foda. Simples assim. É foda não se sentir humilhado quando, vestido igual a um palhaço, muitas pessoas passam por ti e, no máximo, soltam gargalhadas. É foda, também, mostrar pra todo mundo que tu tá fodido, sem grana no banco e que com a possibilidade do cheque que passaste sair voando por aí.

Porém, o constrangimento, a humilhação, foi recompensadora. Não pela quantia arrecadada - que, repito, foi muito além do que eu imaginava - mas pela solidariedade que recebi não só dos amigos - colegas e professores -, mas também de alguns desconhecidos que acreditaram, com razão, no que estava estampado em meu peito. Mais uma vez percebi que o brasileiro é solidário, é só tu mostrar que está precisando mesmo, como na arrecadação que ajudei a fazer para encaminhar aos catarinenses no sábado.

Aos que ajudaram, o meu muito obrigado. Podem ter certeza de que o dinheiro não será - nem foi - gasto com cachaça. Está no banco, esperando ser sacado pela produtora. Alguém pode perguntar se eu faria de novo. Provavelmente sim. A arrecadação foi honesta e para um uso honesto, lícito.

domingo, 30 de novembro de 2008

McDonald's

Chegou cansado. Após um dia inteiro de trabalho, abriu a porta de casa, já tirando o paletó. Percebeu o suor escorrendo suas costas. “Maldito calor! Maldito trabalho”, esbravejou. Calou-se rapidamente, até perceber que estava sozinho em casa – aliás, morava sozinho há uns bons três meses.

“Banho! Preciso de um banho para relaxar!”, pensou ele. Estava apreensivo. Na verdade, estava ansioso. “Será que ela vai ligar?”, “Será que ela está bem?” e “Será que sairemos neste fim-de-semana” eram alguns dos pensamentos que martelavam em sua cabeça nos últimos três dias.

Vira a guria em uma festa. Já a conhecia. Era a amiga de uma amiga dele. Trocavam mensagens esporádicas por msn e orkut. Enfim, encontraram-se na festa. Ambos achavam que não seria nada demais. Estavam ali, solteiros, livres e desimpedidos. Sem mais delongas: ficaram naquela festa, mas por pouco tempo. Ele precisava ir embora, pois no outro dia tinha que trabalhar. “Profissãozinha filho-da-puta que escolhi, hein?”, dizia à si enquanto voltava para casa.

No outro dia, não conseguiu trabalhar direito. A cabeça continuava nela. Apenas nela. Só nela. “Caralho, é só ela que tem nesse mundo?”, pensou. Abriu o msn e lá estava uma mensagem da dita cuja:

Fulaninha diz:
Oi! Sei que parece ser rápido demais, mas eu queria te ver de novo. Meu telefone está em depoimento no teu orkut. Beijo

“Caralho! Ela me mandou uma mensagem! Ela me deu o telefone! Ela quer me ver!”. Não é preciso ser muito gênio para ver que ele ficou abobalhado. Ligou para a guria e combinaram de se encontrar. No dia, mais uns beijos, mas de novo tinham de interromper o namorico por causa de compromissos. “A gente conversa e combina de se ver de novo”, um disse ao outro, ao mesmo tempo. Sim! Ambos estavam a fim.

Passou um dia e nada. Passou outro dia, ele ligou, conversaram, e ficaram de combinar mais tarde o horário, pois ela estava ocupada. Passou o terceiro dia e, novamente, nada. O quarto, o quinto, o sexto. “É melhor dar um tempo para não apressar as coisas e não fazer merda”, disse-lhe um amigo. É verdade. Nada melhor que dar tempo ao tempo. Tudo vai acontecer na hora que tiver de acontecer e da maneira certa.

Mais um dia e nada. Outro, e outro, e outro...

Chegou cansado. Após um dia inteiro de trabalho, abriu a porta de casa, já tirando o paletó. Percebeu o suor escorrendo suas costas. “Maldito calor! Maldito trabalho”, esbravejou. Calou-se rapidamente, até perceber que estava sozinho em casa – aliás, morava sozinho há uns bons três meses.

Após um longo e relaxante banho, colocou a cueca e foi ao computador. Abriu o msn e nada. Então, fez o que até o momento não imaginava fazer novamente: pegou o telefone e ligou.

“Oi, vai fazer o que hoje?”, disse ele.
“Até o momento, nada. Alguma idéia?”, ela retrucou do outro lado da linha.
“Podemos conversar?”.
“Ué, mas tu não ta ficando com a tal guria da festa?”.
“Nem sei mais. Posso ir aí?”.
“Pode...”.

Levantou-se, vestiu-se e pegou a chave do carro. Antes de sair, viu o estoque de camisinha. “Tá. Tem bastante pra hoje”, e foi ao encontro de sua ex. Cansou de esperar e lembrou-se daquele ditado de que “ex é igual a McDonald’s: a gente diz que não quer, mas come de vez em quando”.